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Das mãos de Scott Snyder e Francis Manapul chega Clear, uma desafiadora história noir de ficção científica ambientada em um futuro cyberpunk distópico publicada pela Norma Editorial.

A ficção científica está repleta de futuros distópicos que são tão atraentes do ponto de vista do consumidor que é assustador quando consideramos o quão perto um dia poderemos chegar de experimentá-los. Uma das histórias desse tipo mais recentes a chegar até nós em forma de quadrinhos é Clear, escrita por Scott Snyder e ilustrada por Frances Manapool, dupla invejável pelo trabalho criativo publicado pela Norma Editorial.

Claro

Uma distopia tecnológica

Blade Runner, Matrix, Neuromancer, Minority Report ou Strange Days são algumas das obras que passaram pela cabeça de Snyder e Manapul no desenvolvimento desta história, seja do enredo, da dupla leitura ou do cenário. Como tal, em Clear estamos num futuro próximo (o ano de 2052) de alta tecnologia, baixa vida, que tanto prazer nos deu na ficção no passado.

Os Estados Unidos perderam uma guerra mundial contra as forças combinadas da China, Coreia do Norte e Rússia. O sonho americano está morto. A realidade só pede desespero, depressão e frustração. E como costuma acontecer, não importa em que momento nos encontremos, sempre há pessoas que podem tirar vantagem da miséria dos outros. É assim que novas tecnologias avançadas são desenvolvidas para resolver estes problemas sociais, embora possam ser muito caras.

Agora que chips cerebrais como Neuralink ou Synchron estão chegando, o implante que nos é apresentado aqui sob o nome de Velo parece ainda mais plausível do que há alguns anos. É colocar um filtro na realidade de que as pessoas querem parar de torturar as mentes dos cidadãos e ver o mundo de uma forma descontraída. O primeiro passo de um bom líder fascista é tornar o seu povo paciente e feliz, alheio aos males que prejudicam os seus vizinhos e a si próprios.

Mas assim como existem esquisitos que estatisticamente não engolem o que as massas engolem, existe uma maneira clara de o consumidor ver as coisas como elas realmente são.

Norma Editorial, Scott SnyderNorma Editorial, Scott Snyder

Vida futura

Nosso personagem principal, Sam Duns, é um investigador particular durão que usa esse modo bacana, um ex-policial que ganha a vida caçando usuários ilegais de máscaras, como aquelas que podem ser compartilhadas por vários usuários ao mesmo tempo (como senhas do Netflix mas em estilo cyberpunk) ou que mudem a aparência de sua parceira sem que ela saiba. Mas essa rotina anódina muda quando o suicídio da ex-mulher cruza seu caminho…

A mãe do menino não foi daquelas que tomou o caminho mais fácil, e com essa premissa começa a investigação, temos todos os elementos de um bom noir, inclusive o som de um alto-falante, a presença de alguns bandidos. Deixe o detetive, um passado trágico que o assombra constantemente, e uma femme fatale cujos verdadeiros motivos não sabemos completamente até chegarmos às profundezas da toca do coelho final…

Snyder consegue desenvolver uma trama tão complexa. Ele conseguiu criar um personagem que se move em tons de cinza e é realista, uma sociedade doentia onde encontramos mais semelhanças do que se imagina, e uma mistura equilibrada de gêneros em qualquer época.

Norma Editorial, Scott SnyderNorma Editorial, Scott Snyder

Cyberpunk Lisérgico

Pintar esta obra deveria ser uma alegria para o abstrato que se entrega totalmente ao problema. Manapul já é conhecido por ser um grande artista, como deixou claro em seus diversos trabalhos na DC Comics (com destaque para seu trabalho em The Flash), mas aqui ele dá um passo além para mostrar a versatilidade de seu estilo e seu talento para o tempo. Acima de tudo, para criar layouts de páginas complexos que respeitem a clareza narrativa.

Estamos vendo cenas de ação complexas em diferentes páginas e através de diferentes capas, embora pareça que pelo menos três ou quatro artistas diferentes estão colaborando, com Manapul mudando em cada painel (ou mais de um de cada vez). vinheta!) para fornecer resultados visualmente impressionantes. Uma delícia visual.

Esta edição da Norma Editorial tem página de 20,5 x 31,3 cm em capa dura sem sobrecapa. e contém uma tradução da primeira edição da obra, bem como uma pequena seção final com capas alternativas. O volume contém 160 páginas coloridas. Tem um preço de venda recomendado de 36€ e estará à venda em fevereiro de 2024.

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Scott Snyder retorna com um trabalho impressionante em Blade Runner e Matrix com arte especial de Francis Manapul.

No passado recente, os Estados Unidos perderam as guerras com a China e a Rússia. As grandes empresas desenvolveram novas tecnologias revolucionárias para evitar que o público enfrente a dura realidade do presente.

Graças a um implante cerebral chamado Véu, tudo o que o usuário vê pode ser alterado de acordo com suas preferências, embora a realidade sob o véu permaneça a mesma. Não há limite para o que você verá: do glamour de Hollywood dos anos 1950 aos desenhos animados e à pura pornografia, mas o que parece ser uma criação fantástica esconde segredos aterrorizantes.

Sam Duns é um ex-policial que se tornou detetive particular que segue um agente secreto ilegal e vive no modo Clear. Mas tudo se complica quando ele precisa investigar um suicídio: ninguém menos que sua ex-mulher. E Sam sabe que ela nunca tirará a vida dela…

Scott Snyder (Batman: Corte das Corujas) conta uma história que combina com sucesso o gênero noir e a ficção científica para nos fazer refletir sobre os importantes dilemas de nosso tempo. Tudo isso é ilustrado pela incrível arte de Francis Manapool (The Flash).

Autores: Scott Snyder e Francis Manapul